segunda-feira, 28 de março de 2016

A FÉ É ACEITAÇÃO DO MISTÉRIO DE DEUS EM NOSSA VIDA



“RECONHECER JESUS RESSUSCITADO É RECONHECER SUA MISERICÓRDIA”.

O segundo domingo da Páscoa é reconhecido oficialmente pela Igreja como Domingo da Misericórdia grande devoção de nosso saudoso Papa João Paulo II. Esta festa nos recorda o momento em que Jesus entra Glorioso no Cenáculo com as portas fechadas e transmite a grande consequência dos que experimentam a Deus. A Paz é fruto do amor misericordioso de Deus para com suas criaturas. É o grande fruto do amor de Deus que jamais se esquece de seus filhos. Ele oferece o seu imenso amor a todos os seus filhos através de Jesus Cristo. É o grande mistério de amor da Santíssima Trindade que deseja que façamos parte de sua felicidade.



EVANGELHO (Jo 20, 19-31):
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos de Jesus se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles serão perdoados; a quem não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos em suas mãos, e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem aventurados os que creram sem terem visto!” Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais a vida em seu nome.



“Acreditaste, porque me viste? Bem aventurados os que creram sem terem visto!”

A humanidade está passando por uma grande crise afetiva que envolve a dimensão mais profunda da pessoa. É uma crise que abala as relações humanas. As pessoas não se sentem amadas e por isso se perdem em seus próprios projetos particulares deixando de lado o plano de Deus. Nós seremos bem-aventurados no momento em que crermos firmemente que Jesus está vivo no meio de nós. Temos a certeza de sua presença e esta realidade é fonte de realização interior. Jesus nos oferece uma felicidade permanente. O cristianismo é uma herança do testemunho apostólico. Somos desafiados a crer no testemunho dos apóstolos que viram Jesus Ressuscitado e ter uma grande amizade com Ele.
A profissão de fé de Tomé, chamado dídimo, que significa pequeno; faz-nos repensar sobre nossa Fé como aceitação do Mistério da presença de Deus em nossa vida. Muitas vezes agimos como ele. Queremos uma comprovação daquilo que só é possível saber pela Fé. A razão é uma ferramenta que tem suas limitações para entendermos a lógica inefável de Deus.
Jesus entra no local onde os discípulos se encontravam com as portas fechadas. Com medo da perseguição e das críticas que os outros poderiam fazer em relação ao seu discipulado. Eles ainda não tinham experimentado a força do Espírito Santo que fará a abertura do Cenáculo e o anúncio do testemunho da Ressurreição de Jesus. Os cristãos do mundo inteiro devem anunciar hoje esta grande realidade sem medo algum de qualquer perseguição.
A saudação de Jesus se refere à grande necessidade do ser humano que é ter paz. Uma paz que muitas vezes exigirá sofrimento daqueles que irão ser seus apóstolos após Pentecostes. A segunda saudação de paz está unida à missão apostólica. Os apóstolos a partir deste momento recebem a graça do sacramento da Reconciliação. O perdão dos pecados que nos renova da nossa incapacidade de amar. O que seria de nós sem este sacramento. Viveríamos longe da Graça de Deus.
Jesus pede que os seus discípulos perdoem os pecados. É o mistério da Igreja, a forma de mediação mais perfeita que Deus deixou para nossa salvação. Infelizmente com o surgimento do protestantismo muitas pessoas relativizaram este mandato de Jesus pensando em um perdão pessoal. O pecado atinge a comunidade e o sacerdote em nome de Deus e da comunidade prejudicada com suas faltas, nos perdoa. É um momento de profunda libertação para todos nós. Se este sacramento fosse mais freqüente em nossa vida, certamente teríamos menos problemas de ordem afetiva e emocional.
Crer é aceitar e se entregar ao que Deus nos apresenta com sua linguagem paradoxal. Os discípulos “viram o Senhor”. Hoje devemos crer nesta verdade que perpassa os séculos. O testemunho é uma verdade que se vê na testa. Na frente da pessoa envolvida pelo mistério. Jesus não está morto, mas vive no meio de nós, na sua Igreja nos sacramentos, na pessoa de cada irmão especialmente os mais necessitados.
Crer é ter a vida em Cristo. É se dispor a negar-se a si mesmo em favor da missão que Ele nos confia. Quando acreditamos somos enviados ao sofrimento. A experiência de Deus é rica em misericórdia. Por esta razão ela é uma experiência de perdão. Quando somos perdoados nos sentimos amados. Por esta razão a humildade é necessária para sermos realmente felizes em nosso processo de ressurreição.
Somos pecadores, mas o Senhor é misericordioso e quer nos reconciliar. A comunicação perdida com Deus através do pecado original é derrotada pelo próprio amor que Deus sente pelas suas criaturas. A experiência da misericórdia afasta o inimigo de nossa presença e faz que confiemos no amor inefável de Deus.
Hoje, através de nossa vida, devemos mostrar ao mundo que Cristo está vivo. Especialmente pelos valores que vamos assumindo em nossa existência em direção ao Pai. Os cristãos precisam viver na alegria verdadeira que nasce da conexão com o Criador através de Jesus Cristo. Hoje queremos ser os bem-aventurados, que mesmo sem termos visto o Senhor acreditamos no testemunho daqueles que nos antecederam na Fé.
“Meu Senhor e meu Deus”. A profissão de fé do apóstolo Tomé marcou a história da humanidade. Podemos cair na tentação de achar que ele era uma pessoa fraca e insensível. Mas o crer no Cristo ressuscitado é o maior desafio que temos em nossa vida. Crer é concretizar na vida os valores de Cristo. Pela fé teremos paz que é um dom necessário para sermos felizes.
A saudação que Jesus ressuscitado faz ao estar junto aos seus discípulos é muito importante para que saibamos qual é a conseqüência da vida de seus seguidores. A paz é fruto do amor que invade o coração daquele que crê. O processo de ressurreição começa já nesta vida quando iniciamos a aceitar a realidade do amor que Deus sente em grande escala por nós.
O perdão é uma graça dada a partir do Espírito Santo e isto provoca a unidade dentro de nós mesmos e na vivência comunitária.  Tomé representa todos nós que queremos uma comprovação tátil daquilo que é sobrenatural. Quando amamos temos certeza de fatos que não conhecemos de um modo racional. A razão é um instrumento que deve nos levar a experiência de sermos criaturas amadas por Deus. 
Os primeiros mártires da Igreja nos dão provas de que quando vamos nos entregando ao mistério da ressurreição, nos desapegamos da sociedade que valoriza o que não tem valor.
Como é importante aceitarmos o testemunho de nossos irmãos. Vermos a transformação que acontece em suas vidas a partir da fé. Se Tomé tivesse valorizado aquilo que seus irmãos tinham experimentado, ele não seria revestido da dúvida em relação ao fato da ressurreição de Jesus.
A partir do mistério da Ressurreição de Jesus a história da humanidade já não é mais a mesma e a definição sobre a existência humana toma outro sentido. Jesus está vivo no meio de nós oferecendo a sua infinita misericórdia. Não podemos mais perder tempo com alegrias momentâneas, tudo o que estamos passando é preparação para a vida definitiva.
Se existimos é porque somos amados. Estamos sobre o olhar amoroso de Deus que nos criou para a vida. A conversão ou o nosso processo de ressurreição exige de nossa parte uma mudança em nosso olhar. Para nos santificarmos precisamos olhar como Deus olha. Deixarmos de lado todo egoísmo para experimentarmos o amor.



“Senhor Jesus nós confiamos em vossa misericórdia.”


DEVOÇÃO AO JESUS DA MISERICÓRDIA


“Diz à humanidade sofredora que se aconchegue no Meu misericordioso Coração, e Eu a encherei de paz. A humanidade não encontrará a paz enquanto não se voltar, com confiança, para a minha misericórdia”.

Estas palavras foram pronunciadas por Jesus Cristo na aparição a Santa Maria Faustina Kowalska nos anos trinta do século passado. A missão desta santa iniciou-se em 22 de fevereiro de 1931, quando o misericordioso Salvador lhe apareceu. Ela viu Jesus vestido de túnica branca, com a mão direita levantada a fim de abençoar, enquanto a esquerda pousava no peito, fazendo que a túnica, levemente aberta, deixasse sair dois grandes raios, um vermelho e outro pálido. A Santa Faustina fixou em silêncio o olhar de Jesus que lhe disse:

“Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus eu confio em Vós. Desejo que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois no mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da Minha misericórdia” (Diário nº 699).


Neste próximo domingo em muitas comunidades católicas será exposta a imagem de Jesus Misericordioso. O sacerdote que divulgar esta devoção receberá muitas graças para si e para sua comunidade. Também podemos alcançar a graça da Indulgência Plenária conforme a Igreja prescreve para este dia.



segunda-feira, 14 de março de 2016

DOMINGO DE RAMOS



“O VERDADEIRO LOUVOR NOS LEVA À CONVERSÃO”.

Com o Domingo de Ramos iniciamos a Semana Santa em que celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Deus escolheu, em seu plano de amor pela humanidade, o povo de Israel. Deste povo sairia a salvação para toda humanidade a partir da experiência com Jesus o Cristo, o Verbo Encarnado. O maior investimento de Deus para nos salvar aconteceu no Mistério da Encarnação. Jesus vem até nós para participar de nossa vida e nos ensinar o essencial. O nosso maior desafio está em definir a importância real da pessoa de Jesus Cristo em nossas vidas. O povo exaltava Jesus como Rei de Israel, mas não queria uma mudança de vida. Não queria aceitar a verdadeira transformação que Jesus veio ensinar na mudança da forma de amar. O louvor a Deus deve estar ligado a uma profunda mudança de valores. Não basta dizer que Jesus é o filho de Davi. Que ele é o nosso Salvador se nossa vida não está sendo transformada e continua sendo a mesma.



EVANGELHO (Lc 19, 28-40):

Naquele tempo, Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém. Quando se aproximou de Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, enviou dois de seus discípulos, dizendo: “Ide ao povoado ali na frente. Logo na entrada encontrareis um jumentinho amarrado, que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui. Se alguém, por acaso, vos perguntar: ‘Por que desamarrais o jumentinho?’, respondereis assim: ‘O Senhor precisa dele’”. Os enviados partiram e encontraram tudo exatamente como Jesus lhes havia dito. Quando desamarravam o jumentinho, os donos perguntaram: “Por que estais desamarrando o jumentinho?” Eles responderam: “O Senhor precisa dele”. E levaram o jumentinho a Jesus. Então puseram seus mantos sobre o animal e ajudaram Jesus a montar. E enquanto Jesus passava, o povo ia estendendo suas roupas no caminho. Quando chegou perto da descida do monte das Oliveiras, a multidão dos discípulos, aos gritos e cheia de alegria, começou a louvar a Deus por todos os milagres que tinham visto. Todos gritavam: “Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” Do meio da multidão, alguns dos fariseus disseram a Jesus: “Mestre, repreende teus discípulos!” Jesus, porém respondeu: “Eu vos declaro: se eles se calarem, as pedras gritarão”.


“Bendito o rei, que vem em nome do Senhor”.
Esta entrada de Jesus em Jerusalém, cidade que segundo Santo Agostinho é “Visão de Paz” tem um grande significado. O Cordeiro que dará vida pela humanidade se aproxima. Refere-se à aceitação do Messias enviado do Pai para salvar o seu povo. Jerusalém representa a nossa vida. Precisamos de uma profunda amizade com Jesus para ingressarmos no reino de Deus.
Numa primeira análise desta passagem da vida de Jesus sentimos certa revolta contra o povo ingênuo que um dia recebe Jesus e outro dia o condena. Com isto surge um questionamento: como pode acontecer que este povo que aclama Jesus irá gritar para que ele seja crucificado? O fato é que no julgamento de Jesus estavam presentes pessoas de outra categoria. Que não viram ou que não queriam aceitar os sinais que Jesus havia feito que comprovavam sua missão. Hoje não estamos muito distantes disto. As pessoas se guiam mais por propagandas do que pela verdade. Muitas pessoas querem o mais fácil e cômodo para suas vidas. Aí percebemos o grande número de religiões que são criadas pelo comodismo e falta de responsabilidade dos cristãos batizados. Se Jesus for aceito em nossa vida acontecerá automaticamente uma conversão ou mudança de vida.
A experiência de amizade com Cristo envolve toda pessoa. Não o aceitamos pelas conveniências, não buscamos nele nossa satisfação, nem uma mera prosperidade material. Jesus nos apresenta a Cruz como símbolo máximo da redenção. A experiência com Jesus nos leva até a misericórdia de um Deus presente e preocupado com a nossa verdadeira realização. O motivo de ter hoje tantas religiões que falam no nome de Jesus é justamente a falta de aceitação de Jesus Cristo na sua totalidade. Do Cristo que compromete e modifica a vida. Pelas renúncias momentâneas chegamos à felicidade permanente. Pelas alegrias momentâneas chegamos à tristeza profunda. Tudo o que sai desta realidade é um substitutivo alienante. Vemos a grande mídia tentando de tudo para combater a Igreja apresentando pequenas falhas que fazem parte da humanidade das pessoas que a compõem. O que existe de maravilhoso na Igreja não é apresentado pela mídia, porque a sociedade não quer mudar de vida e quer amar só as coisas terrenas.
Jesus Cristo está presente no meio de nós. Através dos sacramentos e de uma maneira toda especial da Santíssima Eucaristia. Ele está presente para nos curar e mudar nossa vida. A experiência de amizade com Jesus tem de nos levar a um amor altruísta. Vamos aos poucos nos despreocupando com uma realização pessoal. Seremos felizes em conjunto não individualmente.
Jesus se esquece de sua condição superior a nossa em todos os aspectos para nos salvar. Quer que tenhamos uma experiência profunda do amor de Deus. Ele nos  leva ao encontro com o Pai mostrando o caminho da solidariedade que vai ter uma conseqüência comunitária.
Vamos procurar nesta semana santa acompanhar Jesus em todos os seus passos e seguir seu exemplo de despojamento em favor dos irmãos. Vamos colocar de lado nossos pequenos planos particulares para aceitarmos em nossa vida o que o Senhor nos pede.
O povo de Israel estava ansioso para a chegada do Messias, o “ungido do Senhor” que traria a verdadeira libertação que esperava. A espera do Salvador, aos poucos foi deteriorada pela influência política e social dos que se serviam da religiosidade do povo para seus benefícios particulares o que vai desencadear na crise que levará Jesus até a cruz.
Podemos cair na tentação de julgarmos os judeus por não aceitarem Jesus. A situação que se desenrolava não era tão simples. Os interesses que envolviam a religião muitas vezes forçavam o povo a outras atitudes que não estavam de acordo com a sua originalidade. Quando a prática religiosa não traduz a vida ela vai se deteriorando.
Talvez tenhamos certa curiosidade para sabermos o que significa a palavra “hosana” e porque ela é aplicada especialmente neste dia dentro da liturgia. Fizemos uma pesquisa no Dicionário Enciclopédico da Bíblia (Editora Herder de Barcelona), para entendermos com mais profundidade o sentido e o significado desta palavra. É uma palavra hebraica que significa “vem em ajuda, dá-nos a salvação”. Esta palavra se encontra no salmo 118, 25 como forma de oração para pedir a Deus sua ajuda permanente depois da vitória. Na festa das Tendas, hosana se converteu em uma oração corrente de súplica e também um grito de louvor. Neste dia se fazia uma procissão com palmas de vários tipos, cantando as orações com a invocação hosana como estribilho. Esta palavra só se encontra no relato da alegre entrada de Jesus em Jerusalém. Todas as fórmulas usadas significam o cumprimento da espera messiânica. Se o povo que recebeu Jesus em Jerusalém estava utilizando esta palavra é porque já estava tendo consciência da sua missão. Algumas pessoas do povo, pelos sinais que Jesus realizava, percebiam uma nova era que se estava iniciando em sua história. A aceitação de Jesus só se faz com humildade e sensibilidade as coisas de Deus. Por esta razão os nossos apegos e pecados interferem nossa visão de Deus e de sua graça em nossa vida.
Jesus vem em nome do Senhor. Ele é o senhor, verbo encarnado que vem aos que se abrem ao novo projeto de salvação. Deus tem uma linguagem paradoxal. Às vezes parece para nossa lógica humana uma linguagem contraditória, mas Ele nos vê como criaturas em particular, com a nossa individualidade e na comunidade com os dons que devem ser partilhados.
Vamos neste início da semana santa acompanhar os passos de Jesus que culminará na Ressurreição que é o grande sinal que comprova sua divindade.


“Senhor Jesus, renovai em cada um de nós a experiência de amor e acolhida para vos receber em nossa vida”.




segunda-feira, 7 de março de 2016

A PECADORA ARREPENDIDA



“O AMOR É CAPAZ DE RESTAURAR AS PESSOAS”.

A experiência do perdão é uma experiência de amor. Uma faz parte da outra. Quando nos sentimos amados somos conduzidos ao perdão. O egoísmo, que tem suas raízes na vaidade, nos afasta do perdão e faz que fiquemos detidos nos aspectos negativos de nossa vida e de nossos irmãos. No evangelho deste quinto domingo da quaresma Jesus perdoa e transforma o coração de uma mulher rejeitada pelo efeito de seus próprios pecados. Devolve-lhe sua identidade perdida pelo pecado e pelas acusações dos homens que não conheciam a infinita misericórdia do Senhor. Cristo detesta o pecado, mas ama o pecador.



EVANGELHO (Jo 08, 01-11):
Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou de novo ao templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. Entretanto, os mestres da lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe a pedra”. E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo. Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.



“Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

O contato com Jesus é contato com sua misericórdia. O amor de Deus por nós é tão profundo que Ele nos perdoa sempre. Muitas vezes erramos nos tornando juízes de nós mesmos e de nossos irmãos. Quando olhamos para eles com um olhar de egoísmo e vaidade não percebemos a transformação que a graça de Deus pode fazer em nós e neles. Não podemos pensar que somos “melhores” simplesmente por cumprirmos com certas normas morais nos esquecendo da essência do cristianismo que é acolher a todos da mesma forma em nosso coração. Só o amor pode construir algo na vida das pessoas. Não somos juízes, mas somos consagrados pelo nosso batismo. Devemos fazer o bem a todos especialmente os mais empobrecidos física e espiritualmente.
Os fariseus e mestres da lei pensaram em “testar” Jesus. No entanto foram eles testados. Chegaram à conclusão que eles também cometiam pecados. Até maiores do que a mulher surpreendida em adultério. Foram obrigados a ter uma experiência de humildade por se perceberem pecadores também. Quando olhamos para nós mesmos tomamos consciência que somos limitados. Por esta razão a humildade passa ser a chave da nossa santificação.
Bem pior do que o pecado de adultério é falar mal de alguém em nossa comunidade. É denegrirmos a figura dos que também foram criados conforme a imagem de Deus. Antes de julgar devemos rezar e acolher. Tornamo-nos feios quando vemos todas as coisas e as pessoas que estão na nossa volta como feias. Transbordamos para fora aquilo que o nosso coração está cheio. Nesta peregrinação não somos juízes de ninguém, mas devemos estar sempre tentando promover os nossos irmãos.
O mundo está vivendo uma profunda crise de afeto e solidão. As pessoas não se encontram mais. Estamos em uma crise mundial de relacionamento humano. A atitude de Jesus é de acolhida que acaba transformando a vida da mulher. Recebe-a em seu coração sem olhar para suas limitações. Pode ser que ela se converta numa das discípulas até a sua morte na cruz. O sentir-se amada fez que ela se comprometesse com Jesus. Mais perdão, mais amor, mais missão. Ela recebeu em Jesus um tipo de amor desconhecido em sua vida. Pode ser que muitos fatores anteriores fizessem que ela não tivesse ainda conhecido o verdadeiro amor. Hoje estamos empedernidos na sensualidade. Ficamos no exterior de nossa vida sem percebermos a fonte do verdadeiro amor que está em nosso coração.
Jesus teria autoridade para condenar e atirar a pedra na mulher, mas age de forma contrária. Prefere acolher e perdoar. Esta acolhida é fonte de renovação. Que maravilha se todos os cristãos tivessem uma verdadeira experiência de perdão. Especialmente no sacramento da reconciliação que é fonte de paz e alegria. Quando o sacerdote nos perdoa em nome de Jesus sentimos uma grande paz em nosso coração.
Como seria bom se descobríssemos o valor do perdão que supera todas as nossas limitações humanas. Preferimos muitas vezes ficar com a imagem negativa de nossos irmãos sem percebermos que também somos limitados em nosso agir e pensar.
O tempo da quaresma é próprio para mudarmos de vida. De pensarmos de forma positiva sobre nós e sobre os nossos irmãos. De buscarmos uma coerência maior com o que cremos. Só o amor poderá construir algo em nossa vida e na vida das pessoas que convivem conosco.

Resultado de imagem para a MULHER ADULTERA

 “Senhor Jesus, renovai em cada um de nós a experiência de amor e acolhida”.