segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A FÉ E O PEQUENO GRÃO DE MOSTARDA





“A FÉ É UM PROCESSO DE ACEITAÇÃO DO MISTÉRIO DA VONTADE DE DEUS EM NOSSA VIDA”.

Estamos iniciando o mês missionário. Nele nos recordamos da intercessão de Maria, mãe de Jesus na vida evangelizadora da Igreja. Tornamo-nos missionários no momento em que transbordamos de amor. Quando nosso coração está cheio de amor por Deus e pelos nossos irmãos. Jesus nos desafia no evangelho a termos fé como um grão de mostarda, que é bastante pequeno, para podermos realizar o bem em seu nome. Quando somos movidos pelo Espírito do Senhor somos capazes de transformar a realidade através do nosso amor e de nossa alegria. Recordamos a figura de Santa Teresinha do Menino Jesus que foi missionária sem sair fisicamente do Carmelo usando a técnica do oferecimento de tudo que passava pela ação missionária se tornando padroeira mundial das missões.



EVANGELHO (Lc 17, 05-10):

Naquele tempo, os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” O Senhor respondeu: Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria. Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa?’ Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber?’ Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? Assim também vós; quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”.


“Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”.

A adesão a vontade de Deus pela fé que o Senhor nos pede é o maior desafio que encontramos em nossa vida. A fé é um processo de aceitação do mistério de Deus em nossa vida. É crer nas coisas invisíveis. Ter certeza de fatos que nos levam à salvação através da consequência acima do conhecimento científico. É muito importante sabermos que ela é um processo. Ela não aumenta de uma hora para outra. Conforme vamos passando pelas tentações e provações crescemos em nossa postura ou testemunho daquilo que cremos.
A fé está ligada a esperança e a caridade. Através da fé nos associamos ao que Deus nos pede, somos menos orgulhosos e vivemos na humildade o projeto que Deus tem em relação a nossa pessoa. O esperar e o amar são consequências do crer. Quando creio me entrego ao que o Senhor me pede. Por esta razão enfocamos a força da oração que é a base de nossa vida. Sem oração jamais saberemos o que o Senhor nos pede e não teremos força pra concretizar sua vontade em nossa vida.
Somos servos inúteis porque tudo nos é dado de graça da parte de Deus. Devemos aceitar a infinita bondade de Deus para sermos salvos e fazermos parte de sua felicidade. Quando a pessoa pensa em ser feliz sozinha, ou pensa ser autora de sua própria felicidade erra tremendamente e cai no abismo de seu egoísmo, se tornando infeliz.
Para os discípulos de Jesus não foi fácil aderirem à fé. Eles foram desafiados de uma forma totalmente diferente da nossa que hoje temos toda a doutrina já pronta. Eles sofreram com o início do corpo da Igreja após a experiência de Pentecostes.
A fé é uma atitude de entrega ao amor de Deus. Ela não pode estar isolada de nosso jeito de ser, daquilo que buscamos. Por esta razão nós nos tornamos a extensão daquilo que cremos. A nossa caridade vai depender da nossa crença. Acreditar é confiar, é se entregar ao plano de Deus, negando muitas vezes a nós mesmos para aceitarmos o que Deus quer de nós.
Crer é acreditar sem uma certeza racional, é uma atitude interna cultivada pela oração e pela humildade. A fé depende de nossa atitude humilde e da nossa tentativa de dialogarmos constantemente com o Senhor.
Ter fé é aceitar a nossa condição de criaturas muito amadas pelo Criador. Ela é responsável pela nossa abertura ao plano de Deus. O processo de aceitação de Deus vai fazendo que nós nos sintamos simples instrumentos do amor d’Ele pela humanidade. Vamos percebendo que Deus não se afasta de suas criaturas, pois fomos criados para participarmos da felicidade divina.
A fé nos faz confiar em Deus e não em nossas próprias forças. O caminho do imediatismo nos leva ao relativismo que vai nos arrastar para o individualismo. Se hoje estamos sofrendo numa sociedade que não se preocupa com o ser humano em sua totalidade, é porque ainda não estamos cultivando a nossa fé. A grande crise afetiva que o mundo passa é na realidade falta de relacionamento e reconhecimento da presença de Deus em nossa vida.
A fé sem as obras se torna vazia, por esta razão ela sempre se expressa dentro de uma realidade comunitária. Quando assumimos os valores de Deus nosso amor se torna automaticamente voltado para a construção do outro. A fé sempre tem como consequência um altruísmo que leva ao encontro do outro.
A fé é um processo. Ela pode aumentar na medida em que procuramos fazer a vontade de Deus, ou pode diminuir, quando nos afastamos do princípio gerador de nossa existência. É pela oração constante que iremos aumentar a nossa fé. É confiando em Deus acima de nossas próprias forças é que poderemos ser uma extensão do que cremos.
 

"Senhor Jesus aumentai em nós a capacidade de aceitarmos com amor a vossa vontade em meio às provações desta vida”.




segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O RICO E LÁZARO




“O ÚNICO TESOURO QUE LEVAMOS CONOSCO PARA A ETERNIDADE É O BEM QUE PRATICAMOS NESTA VIDA”.

Neste XXVI Domingo do Tempo Comum celebramos o dia da Bíblia. A Palavra de Deus é a fórmula para alcançarmos a verdadeira felicidade. Estamos passando por momentos difíceis da história. Isto tudo acontece porque ainda não colocamos em nossa vida o que o Senhor nos pede pela sua palavra. No evangelho através da parábola do rico e do pobre Lázaro Jesus nos ensina a usar os bens que nos dá para praticarmos a justiça e vivermos na solidariedade. Não podemos nos satisfazer com as alegrias momentâneas desta vida passageira. Estamos em uma ‘segunda gestação’ nos preparando para a vida definitiva.



EVANGELHO (Lc 16, 19-31):

Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus: “Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas. Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado.
Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o  rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’. Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. E, além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’. O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’. Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas, que os escutem!’ O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’. Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’”.


“Se não escutam a Moisés, nem aos profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos”.


A nossa existência neste mundo tem, obrigatoriamente, um cunho solidário. Não fomos criados por Deus para nos fecharmos em nossas satisfações esquecendo-se de ajudar os que necessitam de nossos bens materiais e principalmente espirituais. O excesso de bens materiais, quando não orientado no bem do próximo, pode ser a ruína de seu próprio proprietário. O ter, quando esfacela o ser pessoa leva à perda do sentido existencial.
A história contada por Jesus nos faz refletir sobre o que realmente valorizamos em nossa vida. Vai de encontro a este mundo materializado que nos leva automaticamente ao individualismo. O homem moderno está cego em relação ao sentido último de sua existência. As pequenas satisfações nos afastam de nossa identidade. Trazem-nos uma auto-suficiência que nos prejudica profundamente nos afastando de nós mesmos.
São João da Cruz se utiliza da comparação da ‘noite escura’ como meio de purificação do que não é essencial. Precisamos negar os nossos falsos desejos para contemplar e nos unir a Deus. Os sofrimentos e provações desta vida podem ser ocasião de crescimento na fé e na entrega ao Senhor e alavancas para chegarmos a Deus.
O evangelho nos apresenta dois personagens em situações diversas. O rico confiava em si mesmo e o pobre tinha o maior tesouro, a confiança em Deus, certamente fruto de seu sofrimento. O ter não é o problema. O problema é em quem colocamos nossa força e esperança. Poderia ter acontecido o contrário. O pobre ser condenado por ganância e o rico ser salvo por partilhar os bens que recebeu. É certo que o acúmulo de coisas materiais podem nos satisfazer no momento e nos prejudicar no futuro.
Não podemos esquecer que o nosso ideal é concretizar a Vontade de Deus em nossa vida na prática do bem. Tudo o que temos não nos pertence. Devemos colocar todos os nossos dons e bens a serviço do próximo. O problema não está em ter, mas como usar as coisas para o bem.
Somos chamados a viver uma vida de profunda oração para vencermos a nossa insensibilidade em relação a Deus e ao próximo. A nossa vida não é uma festa. Deve ser bem utilizada na construção de um mundo melhor e mais solidário. Cada instante de nossa vida é um presente que Deus nos dá para tentarmos nos igualar a Ele na partilha.


"Senhor Jesus nós lhe pedimos força e coragem para vencermos a tentação das alegrias momentâneas para fazermos o bem em nossa vida”.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O ADMINISTRADOR INFIEL


“SOMOS ADMINISTRADORES DOS DONS QUE DEUS NOS CONCEDE PARA FAZERMOS O BEM”.

A liturgia da Palavra neste próximo domingo nos fala da capacidade administrativa que precisamos ter para fazermos o bem em todos os ambientes. O maior dom que recebemos é a nossa própria vida. Deus nos dá a existência para direcionarmos ela na prática do Bem para nos unirmos a Ele que é o Sumo Bem. Os aspectos negativos de nossa vida, aquilo que ultrapassa nossa capacidade de decidir, devemos entregar ao Senhor. A nossa administração deve ser baseada naquilo que escolhemos como fundamental que é na realidade para nós o projeto de Deus manifestado em sua palavra.
Em todos os momentos de nossa vida temos que fazer escolhas. O maior tesouro que temos para ser administrado é o amor de Deus por nós. O que temos de mais precioso deve ser partilhado para sentirmos paz em nosso coração.



EVANGELHO (Lc 16, 01-13):

Naquele tempo, Jesus dizia aos seus discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ Ele  respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinqüenta!’ Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’. E o senhor  elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. E eu vos digo: Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.




“Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes”.

O problema administrativo de nossa existência é fundamental para todas as religiões e filosofias da história. O cristianismo é a resposta mais verdadeira para este questionamento. Isto porque vai de encontro aos desejos mais profundos da pessoa. Pois é o próprio Deus que se revela a nós e seu amor nos compromete. A vida que temos é um dom de Deus que recebemos d’Ele para participarmos de sua felicidade. Somos administradores da graça de Deus. Se praticarmos o bem, estaremos nos assemelhando a Ele e após esta vida estaremos para sempre com o Criador. Para nos unirmos a Deus precisamos nos desapegar de tudo que não é d’Ele.
Santa Teresinha do Menino Jesus em sua doutrina da “Infância Espiritual”, nos ensina que podemos colher das pequenas obras que fazemos verdadeiros tesouros para nossa salvação e para o bem da Igreja, desde que saibamos oferecer a Deus com amor toda nossa ação. O importante não é o que fazemos, mas sim o “como” fazemos.
A fidelidade é um dos maiores desafios que temos em nossa história. Ser fiel a Deus significa fazer o possível para concretizar a sua vontade em nossa vida. Estamos em um processo contínuo de busca do que o Senhor quer de nós para podermos concretizar em nossa vida.
Estamos fartos de ouvir fatos negativos em relação ao mundo e as pessoas que nos cercam. Não sabemos o motivo, mas nos sentimos muitas vezes, desmotivados a viver a mensagem que Jesus nos deixou de procurarmos melhorar o mundo através da Caridade. Nós só poderemos ser bons administradores de tudo o que Deus nos deixou se estivermos olhando sempre com clareza para o nosso ideal. Em várias situações de nossa vida somos obrigados a julgar aquilo que se nos apresenta e temos um grande medo de não fazer exatamente o que o Senhor nos pede.
O único remédio para a humanidade é o olhar de profundidade em relação a todas as coisas. Perdemos-nos no superficial, ficamos longe de nós mesmos e nos iludimos com facilidade. O mundo precisa melhorar através do testemunho de todos os cristãos. Um testemunho de busca de autenticidade na correspondência ao amor de Deus.
Podemos nos perguntar quem é realmente o Senhor de nossa vida. Para quem estamos nos dirigindo quando rezamos, trabalhamos, estudamos e nos divertimos? A reforma de nossa vida deve acontecer no assumir cada dia o essencial.
Devemos buscar constantemente as pequenas fidelidades a Deus, pois os pequenos sins é que formam o grande Sim da aceitação plena da Vontade de Deus em nossa vida. Se a humanidade utilizasse todo seu conhecimento pra a verdadeira promoção da pessoa, teríamos uma sociedade nova, um mundo de alegria e felicidade para todos.
Vamos nos unir na tentativa de conhecermos mais o que Deus planejou para nós através de sua Palavra e assim melhorar a realidade que nos encontramos.


"Senhor Jesus necessitamos de sua graça para sempre sabermos administrar os dons que nos dás constantemente”.